Tratamento cirúrgico da surdez

"Apesar do grande avanço das próteses auditivas e das próteses auditivas implantáveis, ainda existem várias doenças do ouvido nos quais a audição pode ser restaurada com uma cirurgia e o paciente se torna independente de qualquer tipo de dispositivo eletrônico"

Prof Dr Robinson Koji Tsuji - CRM 97471

Otoesclerose e Estapedotomia

A estapedotomia é a cirurgia pra tratamento da otoesclerose. 

A otoesclerose é uma doença do ouvido que  manifesta-se geralmente por uma perda auditiva do tipo condutiva causada por uma rigidez na cadeia ossicular, mais especificamente do estribo. O diagnóstico é realizado através de exame clínico e testes auditivos, como audiometria e impedanciometria. O estudo radiológico com uma tomografia computadorizada pode contribuir para confirmar o diagnóstico e para localização do foco de otosclerose. Por ser uma doença hereditária, pode surgir em qualquer idade e sexo, embora seja mais frequente em mulheres por volta dos 30 anos. A perda da audição é lenta e gradual, geralmente em ambos os ouvidos, e o surgimento de zumbidos, algumas vezes acompanhado de vertigens, manifesta-se em conjunto com a perda auditiva.

Na figura abaixo, podemos observar um foco de otoesclerose provocando rigidez do estribo.


 





A cirurgia de estapedotomia está indicada quando há perda auditiva condutiva por fixação do estribo. Consiste na retirada de parte do estribo que está fixo e substituição por uma prótese minúscula de aproximadamente 4,5 mm de comprimento. Esta prótese pode ser de teflon, titânio ou ouro. A cirurgia pode ser realizada com anestesia geral ou local dependendo da tolerância do paciente.

Para esta cirurgia, o médico otorrinolaringologista utiliza-se de material microcirúrgico, microscópio e/ou endoscópico.

Riscos e complicações

Após a cirurgia poderão ocorrer:

  • TONTURA: É comum nos primeiros dias de pós ­operatório, raramente prolongando­-se por mais de uma semana.
  • DISTÚRBIO DO PALADAR E BOCA SECA: Não é raro ocorrer, por semanas após a cirurgia. Em alguns casos este distúrbio poderá ser prolongado pelo manuseio ou secção do nervo corda do tímpano, havendo em geral gradual compensação.
  • PERDA DA AUDIÇÃO: A redução ou perda da audição, após uma estapedctomia ocorre, de acordo com a literatura mundial, em 2 a 3% dos casos, devida à vários fatores, entre os quais a fibrose cicatricial, espasmo de vaso sangüíneo, irritação do ouvido interno. Em outros 3 a 5% dos casos poderá não haver melhora e a audição manter­se inalterada.
  • ZUMBIDOS: O comum é diminuir ou desaparecer após a cirurgia. Em raros casos poderá piorar ou até surgir. PERFURAÇÃO TIMPÂNICA – Poderá ocorrer em alguns casos devido à infecção ou trauma. Geralmente fecha­se espontaneamente ou através de outra cirurgia (timpanoplastia).
  • PARALISIA FACIAL: É uma complicação muito rara. Poderá ocorrer como resultado de exposição, anormalidade ou edema do nervo facial.
  • COMPLICAÇÕES DA ANESTESIA GERAL: Complicações anestésicas são muito raras, mas podem ocorrer e ser sérias, e devem ser esclarecidas com o médico anestesiologista

Formas graves de otoesclerose:

Alguns pacientes desenvolvem uma forma agressiva de otoesclerose no qual o ouvido interno (cóclea) também é envolvido, gerando uma perda auditiva do tipo neurosensorial ou mista. Muitas vezes a cirurgia não é possível, e o pacientes necessitará de aparelhos auditivos ou até mesmo do implante coclear.

Timpanoplastia